quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Entre Bragança e a Coreia: Que os sinos repiquem nos campanários

 As comunidades da Diocese de Bragança-Miranda estão a ressentir-se com a falta de clero e sentem-se cada vez mais abandonadas. A torcida da fé que ainda fumega nas aldeias mais remotas do Nordeste Transmontano está quase a apagar-se.
S. João Maria Vianney, o Santo Cura de Ars, dizia: “Deixai uma paróquia 20 anos sem padre e lá os homens adorarão os animais”. Talvez tenha razão, mas há pelo menos uma realidade no mundo que contradiz essa afirmação: a Igreja coreana.
No século XVII a fé cristã foi introduzida naquela península asiática com a chegada de livros católicos em chinês do jesuíta italiano Matteo Ricci. Até à chegada dos primeiros sacerdotes franceses, em 1836, os católicos alimentaram e mantiveram a fé, extraordinariamente, sem o alimento da eucaristia. Diversas perseguições foram decapitando as comunidades coreanas, habituando-se estas a viver e a aprofundar a sua fé mesmo sem sacerdotes, de tal modo que a Coreia é considerada um caso único no mundo de uma “nação que se evangelizou a si mesma”.
Durante os últimos anos o concelho de Vinhais foi particularmente fustigado pela diminuição do clero. Em pouco tempo, de sete diminuíram para três o número de sacerdotes que o servem. Há localidades que não têm missa durante mais de dois meses. D. José Cordeiro, o bispo desta diocese, tem-se disponibilizado ele próprio a celebrar em alguns domingos nessas comunidades. Numa delas, alguém lhe terá manifestado o abandono em que se encontram e lhe fez este apelo: “Todos nos abandonaram, por favor que a Igreja não nos abandone”.
(o texto pode continuar a ser lido aqui) 

Imagens: Igreja de Gimonde, Bragança (foto Fernando Calado Rodrigues) e Mártires da Coreia (ilustração reproduzida daqui)

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